Quanto mais leio e aprendo sobre sustentabilidade, mais questiono os mitos que se criou em torno dela. Quanto mais participo de debates, mas a entendo como “valor” e menos como “negócio” ou “atividade”.

Não consigo vê-la dentro de uma única caixinha do saber, mas na essência de cada um dos saberes. Essência que determina nossa postura diante da vida, construída a partir do primeiro dia de nossa existência. 

Em qualquer atividade humana, em qualquer decisão pessoal, lá está ela. Vejo a sustentabilidade com a simplicidade de uma criança. Isto é bom, isto não é bom. Isto é sustentável, isto não é sustentável. Com a clareza do que separa o certo do errado, o bem do mal, foi construído o conceito da sustentabilidade, pelo menos para mim. Fundamentado pela lógica da ciência e pelos princípios da civilidade, são desenvolvidas e implementadas as boas práticas da sustentabilidade. Esta é a minha visão.

Simples e verdadeiros, os princípios da sustentabilidade não são negócios a venda

A sustentabilidade é soberana, e não deveria estar a venda. Como vender transparência, ética, respeito, solidariedade? Não se trata de mercadoria, e sim de valores. A equação está equivocada. Valores não se vendem, são cláusulas pétreas da nossa constituição pessoal perante a vida. Mas, vender mercadorias produzidas e distribuídas dentro dos princípios e diretrizes da sustentabilidade, isto sim, pode e deve ser feito. Ou melhor, deveria ser também clausula pétrea do mercado. Mas aí, é outra conversa. 

Todos os dias vemos discursos que vendem sustentabilidade e entregam coisas bem diferentes do prometido. Assim como a economia não é uma ciência exata, o mercado também não é para amadores. Para compreendê-lo, precisa se de uma boa dose de antropologia com pitadas de filosofia e economia, e recheado de inovação. Tudo junto e misturado, é sua majestade, o mercado.

Sem miopias, a sustentabilidade é cristalina. Sua simplicidade é constrangedora. Seu conceito foi construído com base nos valores universais e contemporâneos da civilização. É o tipo de conhecimento que bebemos em muitas fontes. Mas a sabedoria (entendido como conhecimento colocado em prática) é o que conta.

Simples e verdadeiros, os princípios da sustentabilidade não são negócios a venda, e sim valores colocados em prática para a preservação da vida e da paz. Nas empresas e na vida pessoal. 

A sustentabilidade real é de uma simplicidade constrangedora, e talvez por isto, não tenha grande audiência. Só chama atenção das massas, em momentos em que fica claro o que “o seu contrário” e/ou “a sua ausência” foi capaz de causar, quase sempre, grandes tragédias socioambientais. 

Sobre Benchmarking Brasil: 

Um respeitado Programa de Sustentabilidade que reconhece, certifica e compartilha cases de boas práticas há mais de uma década. Até o momento, aproximadamente 400 cases e projetos foram certificados e compartilhados em publicações (livros, revistas, portais e bancos digitais) e eventos (encontros, seminários, fóruns e congressos). Os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) estão inclusos na metodologia de seleção dos cases de sustentabilidade, e as metas e compromissos do Programa estão na plataforma SDG (Sustainable Development Goals) da Agenda 2030 da ONU. Veja em https://sustainabledevelopment.un.org/partnership/?p=22525 

 

São Paulo, 09 de Julho de 2018

Marilena Lavorato

Idealizadora do Programa Benchmarking Brasil de Inteligência Coletiva em Sustentabilidade. Mais informações no site: www.benchmarkingbrasil.com.br